domingo, 1 de setembro de 2013

Armas químicas na Síria - UN's Del Ponte says evidence Syria rebels 'used sarin'

Reportagem da BBC um tanto quanto estarrecedora...
Será por isso que o RUN deixou os EUA sozinhos em um possível ataque?
Quais serão as possíveis implicações do comportamento britânico daqui para frente?
E por que o esquerdista presidente francês toma para si um posicionamento da direita francesa?

http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-22424188

Abraços,
W. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Colunista do VE Sérgio Leo

Considero a coluna do Sérgio Leo no VE fundamental para quem se prepara para o Itamaraty... Alguns links (é necessário ser assinante do jornal!)

http://www.valor.com.br/brasil/3246258/expectativas-com-ida-de-dilma-aos-eua

http://www.valor.com.br/brasil/3221942/governo-avalia-novos-cortes-em-tarifas-de-importacao


Abraços,
W.

Novo ministro das Relações Exteriores

Gender equity in Latin America

Estudo sobre o tema:
https://www6.miami.edu/hemispheric-policy/Task_Force_Papers/Blofield_Gender_Equality_in_Latin_America.pdf

Cabe lembrar que o Brasil é referência internacional em igualdade de gênero, já que possui uma estrutura específica no Judiciário (em alguns Estados) para combater a violência.
Ainda é necessário avançar no tema, em especial quando se considera a diferença de classe e a participação feminina na alta gestão, por exemplo:
http://www.valor.com.br/brasil/3246078/presenca-feminina-e-timida-na-alta-gestao
http://www.valor.com.br/brasil/3246082/so-para-mulheres

Abraço,
W.

Argentina e MERCOSUL

Realmente, um dos piores problemas nas relações bilaterais...
http://www.valor.com.br/brasil/3246252/volta-de-barreira-argentina-reacende-alerta-na-industria

Abraços,
W.

Outro índice de avaliação da qualidade de vida

Vale conferir a proposta:
http://www.socialprogressimperative.org/data/spi

Abraço,
W.

Infraestrutura portuária

Aviação brasileira - crescimento nos últimos anos

Matéria do VE sobre o tráfego aéreo brasileiro:
http://www.valor.com.br/empresas/3247664/retracao-de-aereas-alivia-gargalo-em-aeroportos

Abraços,
W.

Conflito na Síria

Link do WSJ:
http://online.wsj.com/article/capital_journal.html.html
http://www.ft.com/cms/s/0/4aba4736-0ef3-11e3-ae66-00144feabdc0.html#axzz2dEwAmwV3

Atualizarei com mais informações a respeito. Guerra regional próxima?
Abraço,
W.

Evento na FFLCH - Conflitos armados, massacres e genocídios na era contemporânea


Estarei lá!
Abraço,
W.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

IDH-M

Saiu recentemente o estudo sobre o IDH dos municípios brasileiros. Atualiza, em parte, o atlas do Hervé Thery...
Segue o link: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/

Abraços,
W.

Preservação ambiental no Brasil

É, estamos longe de ter compromissos sociais duradouros de preservação ambiental...
Só estou pensando se é o último remanescente mesmo... Preciso verificar no documento do próprio MMA sobre remanescentes dos biomas. Algo me diz que não. Pequeno lapso?
http://www.valor.com.br/brasil/3237352/projeto-para-reabrir-estrada-em-parque-provoca-polemica

Fonte da imagem abaixo: Valor Econômico Online - 19.08.2013

Helicópteros em São Paulo

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Novas espécies de pássaros na Amazônia

Ontem ou anteontem vi pela TV a notícia de que novas espécies de animais foram descobertas na Amazônia.
Procurando a respeito disso, descobri que a revista FAPESP já havia noticiado isso em maio de 2013, ou seja, dois meses depois. Isso mostra a qualidade das nossas mídias e a falta de vinculação entre a Academia e a sociedade...

http://revistapesquisa.fapesp.br/en/2013/06/21/new-birds-of-amazonia/

Abraços,
W. 

Aliança do Pacífico

Recentemente postei sobre o Mercosul e a Aliança do Pacífico.
Hoje saiu reportagem do Valor sobre documento do Itamaraty avaliando o bloco regional.

http://www.valor.com.br/brasil/3200752/itamaraty-avalia-que-bloco-alianca-do-pacifico-rivaliza-pouco-com-o-mercosul

Abraços,
W.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Malala Yousafzai - Discurso na ONU!

Emocionante, inspiradora, corajosa.
Que a humanidade seja feita por pessoas que busquem o saber.
Fora todos os que queimam livros, o primeiro indício da barbárie.

Acessem o link:
http://www.youtube.com/watch?v=QRh_30C8l6Y

Abraços,
W.

Cúpula de Chefes de Estado do MERCOSUL e Estados Associados e XLV Reunião do Conselho do Mercado Comum

Há a associação de Guiana e Suriname ao MERCOSUL e a possibilidade de Equador e Bolívia como membros plenos.
A presidência será passada à Venezuela.
É importante que o MERCOSUL se aprofunde e avance, já que a Colômbia tem assumido maior papel geopolítico na América do Sul, e este não corresponde às expectativas brasileiras, ademais da perda de peso argentino no subcontinente.
Há ainda, informações sobre a Aliança do Pacífico.

Alguns links:
Nota 241 do Itamaraty: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/cupula-de-chefes-de-estado-do-mercosul-e-estados-associados-e-xlv-reuniao-do-conselho-do-mercado-comum-montevideu-11-e-12-de-julho-de-2013

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/mercosul-vai-ter-guiana-e-suriname-como-associados-diz-patriota.html

http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/06/patriota-nega-que-alianca-do-pacifico-ameace-mercosul-e-unasul

http://www.valor.com.br/politica/3168854/para-patriota-alianca-do-pacifico-e-mais-exito-de-marketing

http://www.humanas.ufpr.br/portal/nepri/files/2012/04/A-%E2%80%98Alian%C3%A7a-do-Pac%C3%ADfico%E2%80%99-no-contexto-da-integra%C3%A7%C3%A3o-regional-na-Am%C3%A9rica-Latina1.pdf


Abraços,
W.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Anúncio do embaizador Azevedo como novo diretor da OMC

A seguir link com o anúncio oficial do embaixador Azevedo como próximo diretor da OMC.
Há o áudio dos discursos, oportunidade de verificar o inglês!!!
http://www.wto.org/english/thewto_e/dg_e/dg_selection_process_e.htm

Abraços,
W.

Indicadores agroambientais - OCDE

Olá,
Eu tenho acesso pela CAPES a este documento, não sei se é público.
De qualquer forma, fica o link sobre os indicadores agroambientais de países da OCDE. Poderia servir de parâmetro para nossas práticas agroambientais, em geral, pavorosas - basta lembrar dos casos recentes de contaminação humana por defensivos agrícolas lançados por aviões no Centro-Oeste.
http://www.oecd-ilibrary.org/agriculture-and-food/oecd-compendium-of-agri-environmental-indicators_9789264186217-en

Abraços,
W.

Reprodução sintética da teia de aranha - Tecnologia e Inovação

Vamos aguardar e ver!
Link do Wall Street Journal:
http://online.wsj.com/article/SB10001424127887324399404578583562603579062.html

Abraços,
W.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Que o direito da atleta seja reconhecido!

Esta atleta teve o reconhecimento de um recorde negado por usar vestimenta inadequada, embora tenha adaptado o traje de natação aos padrões religiosos. Ela está em campanha para ter seu recorde reconhecido. Que ela consiga!

http://www.guardian.co.uk/world/2013/jul/05/iranian-swimmer-elham-asghari

W.

Programa e calendário de aulas GeoCACD 2013


1.      Geografia, dos gregos até Humboldt e Ritter, 13 ago 2013

2.      Geografia Tradicional, 20 ago 2013

3.      Conceitos da Geografia: paisagem, meio ambiente, território, 27 ago 2013

4.      Conceitos da Geografia: região e regionalização brasileira, 03 set 2013

5.      Conceitos da Geografia: espaço e lugar, 10 set 2013

6.      Geografia Política clássica, 17 set 2013

7.      Geografia Política contemporânea, 24 set 2013

8.      Energia e logística, 01 out 2013

9.      Fronteiras, 08 out 2013

10.   Formação territorial brasileira, 15 out 2013

11.   Aspectos estatísticos e demográficos da Geografia da População, 22 out 2013

12.   Movimentos migratórios, 29 out 2013

13.   Teorias demográficas e recenseamento, 05 nov 2013

14.   Estrutura ocupacional da população e indicadores de qualidade de vida, 12 nov 2013

15.   Fenomenologia da cidade, 19 nov 2013

16.   Hierarquia urbana e sustentabilidade ambiental urbana, 26 nov 2013

17.   Divisão territorial do trabalho, 03 dez 2013

18.   Organização industrial e tipos de indústrias, 10 dez 2013

19.   Revoluções Industriais, 17 dez 2013

20.   Indústria no Brasil e no mundo, 14 jan 2014

21.   Blocos regionais econômicos e de poder, 21 jan 2014

22.   Evolução da agricultura I, 28 jan 2014

23.   Evolução da agricultura II, 04 fev 2014

24.   Agricultura e pecuária, 11 fev 2014

25.   Pesca e mineração, 18 fev 2014

26.   Geografia Física e Natureza I, 25 fev 2014

27.   Geografia Física e Natureza II, 11 mar 2014

28.   Poluição e marcos jurídicos I, 18 mar 2014

29.   Marcos jurídicos  II, 25 mar 2014

30.   Simulado e avaliação do curso, 01 abr 2014
 
O limite de alunos para cada turma é de 6 participantes. Caso haja demanda maior, há a possibilidade de abrir outra turma. Envie por e-mail washingtonramos@usp.br a disponibilidade de horário para facilitar a adequação de ambas as partes. Este programa é referencial para o plano de aulas, e o dia de aula previamente escolhido foi terça-feira. Áté o fechamento da turma, poderá ocorrer alterações.
O local das aulas será no Campus da capital da USP, pelas manhãs.

Quaisquer dúvidas, washingtonramos@usp.br ou wsantos20@ig.com.br.
 
Abraços,
W.
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Deposição do presidente egípcio

Duas reportagens do New York Times sobre a deposição de Morsi.
O segundo link é um posicionamento particular das páginas de Opinião do jornal.


http://www.nytimes.com/2013/07/04/world/middleeast/egypt.html?ref=world


http://www.nytimes.com/2013/07/04/opinion/global/egypt-risks-the-fire-of-radicalism.html?ref=mohamedmorsi



Abraços,
W.

GeoCACD - 2013

Olá,
Vou abrir uma turma de Geografia para o CACD no mês que vem.
As aulas começam na semana do dia 13 de agosto de 2013 e terminam na segunda semana de abril de 2014. Serão 30 aulas semanais, com duas horas de duração. As aulas ocorrerão em local a ser definido, mas uma das possibilidades será o Campus do Butantã da USP. A mensalidade será de R$ 400,00.
A turma será aberta com a frequência mínima de 3 alunos.
Publico o cronograma das aulas em breve.
Se tiver curiosidade, o interessado poderá assistir à primeira aula gratuitamente.
Até breve,
W.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

OMC - Trade policy - Brasil

Link para o relatório da OMC sobre a política comercial brasileira:
http://www.wto.org/english/tratop_e/tpr_e/s283_e.pdf


Clipping do Ministério do Planejamento sobre a denúncia paraguaia do Mercosul na OMC:
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/6/27/paraguai-denuncia-mercosul-diante-de-157-paises-na-omc

Abraços,
W.

PAC com projetos de defesa - Valor Econômico

Acessem o link. Fala da vontade de os militares incluírem no PAC projetos de Defesa. Interessante.
W.

http://www.defesanet.com.br/defesa/noticia/11318/Militares-querem-incluir-projetos-de-defesa-no-PAC/

 

terça-feira, 25 de junho de 2013

The price of inequality

Vale a pena dar uma olhada na página do Stiglitz:
http://www2.gsb.columbia.edu/faculty/jstiglitz/
Pensei em comprar pela Amazon o The Price of Inequality, mas na última compra paguei imposto que foi metade do preço dos livros :-( Acho que se comprar, o imposto será o preço do livro hehehe
Alguém já sabe se foi lançado no Brasil? Não encontrei nada...
A página tem vários artigos e colunas dele.
Abraços,
W.

Poluição da água


A água é considerada um recurso natural indispensável para a vida e para os inúmeros processos a ela relacionados, sendo a substância mais comum existente na natureza. Desde a origem da vida na Terra, esse recurso tem sido imprescindível, pois de acordo com a teoria que melhor explica o surgimento dos organismos, a quimiossíntese, as primeiras formas de vida teriam se originado nos mares primitivos (DIAS, 2004).

Ao longo dos processos evolutivos, uma das estratégias de sobrevivência de muitos organismos foi a conquista do ambiente terrestre, mas, para que isso acontecesse, precisaram desenvolver mecanismos que, de alguma forma, permitissem o contato ou a absorção direta da água para manutenção das atividades metabólicas. As plantas vasculares tiveram maior sucesso na conquista do ambiente terrestre por apresentarem órgãos mais bem adaptados, quando comparadas às plantas avasculares, que se mantiveram tanto restritas aos ambientes mais úmidos quanto estruturalmente menos desenvolvidas, por serem menos especializadas para a obtenção de água.

Com a espécie humana, não foi diferente; o sucesso evolutivo e adaptativo também está associado ao domínio e ao manejo da água. Em termos globais, a água sustenta toda a agricultura, e cerca de 69% da reserva captada é destinada para esse fim, enquanto que para a indústria os percentuais são de aproximadamente 23% e para o uso doméstico, de cerca de 8%. No Brasil, os valores médios obtidos são 70%, 20% e 10% respectivamente (PHILIPPI JR & PELICIONI, 2005; MILLER JR, 2007).

Apesar da abundância da água na biosfera, cobrindo cerca de 70% do planeta, esse recurso não está diretamente acessível ao ser humano. Do total de água do planeta, 97% está nos oceanos, e, portanto, imprópria para muitas formas de vida, a menos que passe por processos de dessalinização. Da parte restante, aproximadamente 2% formam as geleiras, indisponíveis para o consumo; isso significa que o remanescente é o recurso de água doce disponível para a garantia das atividades humanas. A tabela 1 (PHILIPPI JR & PELICIONI, 2005) mostra a distribuição da água no mundo.

Corpo de água
Volume (milhares/k³)
% do total de água
Oceanos
1.370.000
97,61
Calotas e geleiras
29.000
2,08
Água subterrânea
4.000
0,29
Lagos de água doce
125
0,009
Lagos salinos
104
0,008
Umidade do solo
67
0,005
Rios
1,2
0,00009
Vapor de água atmosférica
14
0,0009

Tabela 1: Distribuição da água no planeta Terra.

Nem todo o percentual de água pode ser tomado como reserva. Deve-se lembrar que, do total de água doce no planeta, 76,6% encontra-se em geleiras e 22,7% está no subsolo, indisponível para extração e consumo diretos. Apenas cerca de 0,5% do total de água doce torna-se reserva, ou seja, o que de fato podemos explorar e utilizar para a garantia de nossas necessidades (BRAGA et. al., 2002; PHILIPPI JR & PELICIONI, 2005). Desse pequeno percentual, 52% estão em lagos, 36% na umidade do solo, 7,1% na atmosfera, 3,5% nos rios e 1,4% nos seres vivos (OXFORD, 2011: 84).

Conforme se observa, as reservas de água para a garantia das necessidades humanas representam uma parte bem pequena do total existente no planeta. No entanto, essa quantidade seria suficiente para atender a todos, se considerarmos que a natureza dispõe de mecanismos que mantêm a estabilidade e a qualidade desse percentual no ambiente através do ciclo da água na natureza, como vemos na figura 1 (http://ga.water.usgs.gov/edu/watercycleportuguese.html). A maneira pela qual temos lidado com essa reserva, porém, tem nos colocado em situação de vulnerabilidade, uma vez que a qualidade e a quantidade de nossas reservas hídricas têm-se reduzido (DIAS, 2004).

 Figura 1: Ciclo da água.

Quando consideramos que o total de água precipitada durante as chuvas deveria distribuir-se em três partes, sendo 1/3 percolado para os lençóis subterrâneos, 1/3 absorvido pelos corpos dos vegetais e retido pelo solo, desencadeando posteriormente o processo denominado evapotranspiração, e o 1/3 restante proveniente do escoamento superficial e direcionado para os rios, lagos, mares e demais corpos d’água, conseguimos compreender que alterações antrópicas como o desmatamento e a urbanização alteram significativamente a dinâmica e a disponibilidade da água e do ciclo hidrológico.

Assim, a atual discussão sobre a crise hídrica, fundamenta-se não apenas na quantidade de água disponível para o consumo, mas também na qualidade desse recurso, pois, ao longo do tempo, houve alterações ambientais que influenciaram na distribuição da água em cada um dos terços apresentados, como é o caso da impermeabilização dos solos, que diminui a infiltração da água no solo. Outro fator é a diminuição das áreas verdes, com os processos de desflorestamento que interferem na capacidade de percolação da água no solo.

Desse modo, a água que deveria ser distribuída após a precipitação escoa para os corpos de superfície, desencadeando outros problemas como as inundações em zonas urbanas. Como sabemos, os corpos de superfície são as reservas de onde retiramos a água disponível para a utilização humana e os mesmos lugares onde costumamos lançar nossos dejetos, sejam de natureza doméstica ou industrial, consequentemente deteriorando a qualidade da água ofertada para o consumo. Diminuem-se também os locais que servem de mananciais.

Percebemos então, que tanto alterações ambientais que interferem no regime de chuvas, ou seja, no ciclo hidrológico quanto a emissão de efluentes nos corpos d’água são motivos de preocupação para a humanidade. Diversas áreas no mundo, como o Sahel e o leste da China, sofrem com o déficit hídrico ou com o estresse hídrico, já que ainda é grande o número “pessoas [que] não têm água potável para beber e sofrem de doenças causadas pela poluição e por organismos que se desenvolvem na água” (OXFORD, 2011: 84) – a estimativa é que, em 2008, “884 milhões de pessoas não tenham água potável e 2,6 bilhões não tenham saneamento básico” (loc. cit.).

As características físicas da água são densidade, calor específico, transparência e tensão superficial. A densidade da água torna-se variável em função da temperatura. No estado líquido o maior valor de densidade é encontrado entre 0°C e 4°C. Já no estado sólido, a água é naturalmente menos densa; essa característica permite a presença de vida mesmo em águas de regiões muito frias, pois o congelamento da superfície impede a repetição desse processo em águas mais profundas, mantendo-se as condições necessárias para a vida.

Por ser elemento de fácil absorção de calor, deve-se atentar para a manutenção do calor específico da água, pois alterações podem interferir na sobrevivência de organismos. Quando efluentes aquecidos são liberados na água, por exemplo, sua viscosidade é diminuída, prejudicando a flutuabilidade de organismos como os fitoplânctons. Estes são, por conseguinte, afastados das zonas mais iluminadas, o que os impedem de absorverem luz e realizarem os processos fotossintéticos, levando-os à morte.

Mudanças na transparência da água causam fenômeno bastante similar, pois a turbidez impede a entrada do comprimento de onda necessário para a fotossíntese dos autótrofos, inviabilizando a síntese dos compostos orgânicos. Por fim, a água também apresenta tensão superficial, que é quebrada por intermédio da presença de detergentes. Esses elementos fazem com que as moléculas de água se desagreguem; por sua vez, isso destrói o hábitat de muitas espécies que vivem sobre elas, prejudicando as dinâmicas dos ecossistemas relacionados.

Do ponto de vista químico, a água tem importante valor, pois é considerada solvente universal, o que a torna especial, pois substâncias sólidas, líquidas e gasosas podem ser diluídas por ela. Isso significa que diferentes organismos podem dela depender e nela se desenvolver, pois tanto gases como sais minerais que sustentam a vida podem estar dissolvidos em água. No caso do ser humano, basta lembrarmos da função que o sangue e a urina exercem no corpo. Quanto às plantas, os nutrientes do solo estão dissolvidos em água.

Biologicamente, se houver a dinâmica ideal entre processos físicos e químicos, consequentemente haverá a presença de organismos e a manutenção de cadeias alimentares dos mais variados grupos. Basta lembrar, outrossim, que a vida na Terra se originou na água, e que esta é a substância que existe em maior parte nos seres vivos. No caso do corpo do ser humano, representa 70% do seu peso. Além disso, a água transporta sedimentos que regulam a própria fertilidade de solos de extensas áreas no planeta.

Não há vida sem água, mas, pelos níveis de poluição, parece que o ser humano esqueceu disso. De acordo com Philippi Jr e Pelicioni (2005), o conceito de poluição está associado à diminuição da qualidade da água disponível para o uso, com alteração de suas características e consequente prejuízo para quaisquer usos. Miller Jr. (2007) a define em função de quaisquer alterações em suas propriedades, tornando a água inadequada para o consumo e afetando os organismos vivos nela presentes.

Braga et. al. (2002) acrescenta que poluição ocorre tanto por interferências naturais quanto antrópicas. Já para Branco (1997), poluição pode ser definida como a inserção de excessiva matéria ou energia em um ambiente, alterando as dinâmicas da composição e estrutura sistêmicas. Assim, o conceito pode ser amplo, mas está intimamente ligado a alteração do meio abiótico, interferindo na permanência do meio biótico e com a restrição ao uso desse recurso.

A poluição dos recursos hídricos está diretamente associada aos diversos usos a eles associados, bem como à ocupação destinada ao solo. As fontes poluidoras são classificadas de acordo com a origem: poluição natural, poluição por esgoto doméstico, poluição por efluentes industriais, e poluição por drenagem em áreas agrícolas ou urbanas (PHILIPPI JR & PELICIONI, 2005). Pode trazer inúmeros prejuízos para a biodiversidade presente nos ecossistemas aquáticos, causando desde a diminuição do número de indivíduos até a perda da riqueza em espécies.

Os processos de degradação são ocasionados através da alteração dos aspectos químicos e físicos ideais para suportar os elementos biológicos. Essas alterações decorrem do lançamento de poluentes: orgânicos biodegradáveis, recalcitrantes ou refratários (não biodegradáveis), metais, petróleo e derivados, detergentes, nutrientes em excesso, calor, radioatividade e defensivos agrícolas, entre outros. Essas substâncias podem interferir nos mecanismos bioquímicos do ecossistema, atingindo cadeias alimentares que sofrem desestabilização nos diferentes níveis tróficos (produtores, consumidores e decompositores).

Esse fato pode ser verificado quando ocorre o excesso de matéria orgânica na água, estimulando o aumento de seres decompositores aeróbios para a decomposição dos nutrientes, e que passam a consumir maiores quantidades de oxigênio, com a alteração da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) (BRAGA et. al., 2002). Com isso, os decompositores passam a competir com outros organismos aquáticos, e por possuírem baixa demanda de oxigênio acabam provocando a morte de peixes e outros elementos, no fenômeno anteriormente comentado da eutrofização.

Poluição natural é proveniente da lixiviação e carreamento de sedimentos e de compostos orgânicos animais e vegetais depositados nas águas de superfície, mas, em geral, não causam alterações severas na estrutura química, física e biológica da água (PHILIPPI JR & PELICIONI, 2005).  Quando a poluição é causada por agentes biodegradáveis e em quantidades toleráveis, os rios e cursos de água podem se recuperar em curto prazo através da diluição da substância nas águas, e da degradação da matéria orgânica por bactérias decompositoras (MILLER JR, 2007).

O esgoto doméstico ainda é um dos grandes desafios a ser enfrentado pelas cidades, pois a falta de saneamento básico atinge uma parcela populacional significativa em nosso país, com precária rede de coleta e inadequado destino para o esgoto. Com o crescimento e desenvolvimento das cidades, os cursos d’água passaram a ser o destino final dos resíduos provenientes das atividades humanas, os quais muitas vezes não são tratados antes de serem lançados nos afluentes. O impacto desses resíduos dependerá da concentração dos elementos depositados e da capacidade de depuração do corpo receptor.

A poluição gerada a partir das atividades desenvolvidas pela indústria depende exclusivamente do segmento industrial pertencente, de forma a atingir diferentes níveis de concentração de substâncias tóxicas, de metais pesados, de matéria orgânica e de agentes patogênicos, entre outros materiais. Dos impactos negativos provenientes desse segmento, podemos exemplificar com a poluição causada pela indústria petrolífera nos oceanos – calcula-se que cerca de 300 mil toneladas de óleo sejam anualmente despejadas por petroleiros nos oceanos, tanto através de naufrágios, quanto por acidentes ou procedimentos intrínsecos à atividade (BRANCO, 1997).

Dentre esses procedimentos, é comum o enchimento e o esvaziamento dos tanques de óleo com água dos oceanos, pois permite a estabilidade dos petroleiros no mar após aliviarem suas cargas (BRANCO, 1997). Os hidrocarbonetos orgânicos voláteis do petróleo causam a morte de peixes, moluscos, crustáceos, algas e quaisquer outros organismos que sejam vulneráveis. Substâncias químicas no petróleo, similares ao alcatrão, tornam-se flutuantes na superfície das águas e atingem aves e mamíferos marinhos, recobrindo as penas e pele desses animais. Essa cobertura de petróleo destrói o isolamento natural desses animais, que perdem a capacidade de flutuação, e, por fim, afogam-se ou morrem por hipotermia.

A poluição das águas em zonas rurais é causada principalmente pelo uso de herbicidas e fertilizantes agrícolas sem adequado manejo, como já mencionamos. Essas substâncias químicas podem atingir, outrossim, as águas subterrâneas. Nas últimas décadas, a exploração destas tem crescido aceleradamente, embora esteja limitada à viabilidade econômica de extração e à quantidade e qualidade de água a ser extraída. Se não houver o devido cuidado com o uso e ocupação do solo em regiões onde esses aquíferos se localizam, as águas subterrâneas tornam-se passíveis de serem poluídas por uma infinidade de produtos químicos, sendo difícil a diluição ou a dispersão desses elementos.

Produtos como gasolina, petróleo, solventes de tintas, solventes orgânicos e substâncias provenientes da deposição inadequada de lixo podem levar ao comprometimento das reservas. As águas subterrâneas possuem menores concentrações de oxigênio, menores populações de decompositores e temperaturas mais baixas, o que dificulta a autodepuração dos elementos contaminantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Braga, B.; Hespanhol, I.; Conejo, J.G.L.; Barros, M.T.L.; Spencer, M.V.; Porto, M.F.A.; Nucci, N.L.R.; Juliano, N.M.A.; Eiger, S. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo, Prentice Hall, 2002. 305p.

Branco, S. M. O meio ambiente em debate. São Paulo, Moderna, 1997.

DIAS, G. F. Educação ambiental – princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004.

Miller JR, G. Tyler. Ciência ambiental. Tradução: All Tasks; revisão técnica Welington Braz Carvalho. São Paulo, Cengage learning, 2007.

OXFORD UNIVERSITY. Atlas of the world. 18th ed. London: Oxford University Press, 2011.

PHILIPPI JR, Arlindo; PELICIONI, Maria Ccilia Focesi. Educação ambiental e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2005.

UNITED STATES GEOLOGICAL SERVICE. Ciclo da água. Disponível em: (http://ga.water.usgs.gov/edu/watercycleportuguese.html. Acesso 12 out 2012.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Poluição do solo


O solo pode ser caracterizado como o manto rochoso superficial que, através de processos intempéricos, sofreu desagregação física, dando origem à estrutura edáfica atual (RIZINNI, 1997; BRAGA et. al. 2002; RAVEN et. al., 2007). No processo de formação do solo, a rocha desagregada continuou sofrendo transformações, tendo a participação de organismos – líquens, fungos, bactérias e plantas –, até que se tornasse uma mistura de material mineral particulado e matéria orgânica capaz de sustentar todas as atividades que nos auxiliam na manutenção da vida (RAVEN et. al., 2007).

O solo, como parte integrante do meio abiótico, ajuda a sustentar a permanência da vida no planeta, estando diretamente envolvido nas dinâmicas ecossistêmicas que apoiam a conservação ambiental, bem como o desenvolvimento de atividades que garantam as necessidades humanas. Dentro do escopo de importância para a humanidade, o solo pode ser analisado do ponto de vista físico, químico e biológico.

Para o agricultor, o solo viabiliza a produção agrícola; para a engenheira civil, é fundamental pela capacidade de suporte de cargas e por transformar-se em material de construção; para o engenheiro de minas é local de extração de minerais e jazidas; para o setor econômico, é fonte de divisas; por último, mas não menos importante, os ecologistas veem o solo como elemento que mantém serviços ecossistêmicos gratuitamente oferecidos pela natureza (BRAGA et. al., 2002).

Estes serviços nada mais são que as funções inestimáveis e imprescindíveis que natureza sustenta, como a regulação das chuvas, o clima, a permanência da vegetação para a proteção dos solos, o solo como fonte de nutrientes para as plantas, o agente responsável pela purificação das águas, entre outros benefícios diretamente relacionados ao homem. No entanto, o manejo e a exploração desse recurso têm sido realizados por meio de práticas pouco sustentáveis que causam degradação e poluição, alterando as características edáficas ideais para a manutenção adequada dos serviços por ele oferecidos.

Assim, as ações antrópicas têm interferido na capacidade natural do solo de suportar a agricultura, a pecuária ou os elementos bióticos e abióticos solo-dependentes (MILLER JR, 2007). Essas ações desencadeiam impactos ambientais negativos, os quais abordaremos adiante, originando processos erosivos, salinização, desertificação, poluição rural através do emprego de fertilizantes e defensivos agrícolas, e poluição urbana através do acúmulo de resíduos provenientes de indústrias, comércios e residências.

A erosão é caracterizada pelo processo de movimentação dos componentes do solo, cujos principais agentes podem ser a água e o vento. Os fenômenos erosivos quando desencadeados por fatores antrópicos podem ser resultado da alteração de determinada paisagem, através da remoção da cobertura vegetal natural que protegia os solos, do manejo inadequado de pastagens, das queimadas e de plantações mal planejadas em áreas acidentadas ou que se tornam susceptíveis a processos erosivos (MILLER JR, 2007; BRAGA et. al. 2002).

A erosão quando causada pela água, é consequência da remoção da cobertura vegetal, pois o impacto e a velocidade das águas diretamente sobre o solo nu são prejudiciais para a estabilidade telúrica, principalmente em áreas com alguma declividade. Quando as árvores estão presentes, o dossel absorve o impacto direto da chuva e o conjunto formado por raízes e serrapilheira auxilia na sustentação do solo (TOWNSEND et all., 2006). Isso se torna ainda mais importante em solos de regiões de clima úmido com consideráveis índices pluviométricos.

Os efeitos nocivos da erosão são a perda da fertilidade, em função de processos de lixiviação de nutrientes, e o carreamento de sedimentos, que terminam por se concentrar em corpos d’água próximos, ocasionando a poluição das águas. Em situação mais crítica, os processos erosivos podem formar voçorocas, enormes crateras no solo, de difícil reversão. Em áreas agricultáveis, uma das estratégias para conservar o solo é a construção de curvas de nível (terraços que direcionam o escoamento e diminuem o impacto das águas sobre o solo), e a conservação da cobertura vegetal, principalmente às margens dos rios.

A salinização pode ser vista como forma particular de poluição do solo, pois o excesso de sais na superfície causa alteração na estrutura e na função edáficas. O processo ocorre quando há a remoção da cobertura vegetal de determinada região, em geral regiões áridas ou semiáridas, favorecendo o aquecimento direto do solo através do sol (BRANCO, 1997). A constante evaporação das águas profundas do lençol freático, ricas em sais férricos e outros minerais, transporta por capilaridade esses sais que se acumulam na superfície, tornando os solos menos permeáveis.

Isso faz com que crostas salinas se formem na superfície do solo (latéritos), tornando-o de difícil manejo para culturas e impedindo a instalação de espécies vegetais. A salinização também pode ocorrer em áreas agricultáveis em função do uso intensivo da irrigação, pois esta prática permite que, por capilaridade, a água presente no lençol freático, rica em sais, concentre-se no nível do terreno, formando uma camada salina que traz consequências como o retardo de safras, a diminuição da produtividade, a morte das plantas e a decadência dos solos.

Um dos mais graves episódios de salinização do solo ocorreu devido ao uso excessivo de água dos rios Amu Darya e Syr Darya para irrigação de culturas, sobretudo de algodão, na extinta União Soviética. O volume de água utilizado contribuiu para a redução bem acelerada da área do Mar de Aral, na fronteira entre o Uzbequistão e o Cazaquistão. Com menos de 60% da área original do mar, “milhões de toneladas de pó e sais minerais têm sido levadas pelo vento, prejudicando a saúde de 5 milhões de pessoas” (DORLING KINDERSLEY, 2011: 249) ademais de tornar os verões mais quentes e os invernos mais frios.

Os processos de desertificação têm sido causa de preocupação em muitos países, pois as alterações ambientais em conjunto com práticas de manejo do solo inadequadas, tem agravado a seca em muitas regiões, trazendo fome, prejuízos econômicos e consequentemente criando os chamados refugiados ambientais. As causas desses problemas são os impactos negativos decorrentes do uso excessivo de pastagens, do desmatamento, da erosão, da salinização e da compactação do solo, ademais das modificações ocorridas na regulação do ciclo hidrológico (MILLER JR, 2007; BRANCO, 1997).

A desertificação, portanto, pode ser definida como o ponto máximo dos efeitos da degradação do solo e das variações climáticas, em que as condições se apresentam tão desfavoráveis que tornam o ambiente inóspito para a permanência da vida (ONU, 1994). Em função de esse problema ocorrer em escala global, a Organização das Nações Unidas (ONU), estabeleceu uma convenção visando ao desenvolvimento de medidas eficazes para o combate à desertificação, tendo como foco principal o auxílio aos países do continente africano.

As áreas rurais são reconhecidas principalmente pelo uso do solo para as práticas agropecuárias, que são a matriz econômica de muitas regiões, além de serem as responsáveis por abastecer a crescente demanda mundial por alimentos. Diante da necessidade de potencializar a produção e reduzir as perdas nas safras em função do ataque de pragas e infestações de plantas daninhas, o agricultor busca como alternativas o uso de fertilizantes sintéticos (adubos) e de defensivos agrícolas (agrotóxicos) como forma de mitigar seus problemas.

No entanto, quando manejados de forma inadequada trazem sérios riscos para o meio ambiente. Ambos são bioacumulativos e podem atingir concentrações tóxicas, alterando o desenvolvimento da flora e da fauna, tanto no solo quanto nos corpos d’água. Uma vez acumulados nos solos, podem torná-los poluídos; quando expostos às águas pluviais ou de irrigação, são lixiviados, e a carga de poluentes é carregada até rios, riachos, lagos ou lagoas, provocando um fenômeno chamado eutrofização, cuja primeira etapa é o acúmulo de nutrientes nas águas, especialmente fosfatos e nitratos.

Isso promove o crescimento excessivo de algas que, à medida que morrem e se decompõem, aumentam os índices de matéria orgânica e de decompositores, que esgotam o oxigênio das águas provocando a morte de outros organismos (BRAGA et. al. 2002; TOWNSEND et. al., 2006). Dessa forma, podemos notar a influência da poluição do solo sobre a qualidade das águas. Ainda em relação ao solo, o excesso de fertilizantes e de agrotóxicos pode acarretar a inutilização do solo para a agricultura, reduzindo a extensão das terras cultiváveis.

A superfertilização do solo pode ainda desencadear processos bioacumulativos de nitratos em vegetais. Isso faz com que seja depositado o excedente de nutrientes nos diferentes níveis tróficos de cadeias alimentares, trazendo consequências ainda incertas. (BRAGA et. al., 2002). Fertilizantes, assim como a maior parte dos defensivos, não são seletivos, o que torna o mercado da biotecnologia mais importante. Herbicidas decorrentes de processos de engenharia genética surtem efeito sobre a biodiversidade local, exceto sobre a semente para a qual foi desenvolvida tolerância.

Os defensivos agrícolas são amplamente utilizados no meio rural para controlar pragas e ervas daninhas, e, na maioria das vezes, atingem também outras espécies, ademais de persistirem no meio ambiente além do tempo da colheita (TOWNSEND et. al., 2006). Os defensivos organoclorados, por exemplo, são persistentes e acabam por migrar entre os níveis tróficos das cadeias alimentares, desencadeando o fenômeno denominado biomagnificação ou amplificação biológica (BRAGA et. al., 2002; TOWNSEND et al., 2006).

Os defensivos agrícolas oferecem perigo quando usados indiscriminadamente, em dosagens superiores àquelas ambientalmente aceitáveis e também por trazer impactos ambientais negativos para toda a dinâmica ecossistêmica, ao atingir outras espécies que não as alvejadas. Uma vez que para muitos agricultores estas práticas são comuns e necessárias ao aumento da produtividade, o ideal é que possam contar com assistência técnica de profissionais habilitados para a escolha e aplicação de produtos que atendam as particularidades de cada caso.

Deve-se também priorizar a escolha de defensivos de baixo impacto ambiental negativo. Segundo Miller Jr (2007), cientistas buscam um pesticida que seja ideal para atender as necessidades rurais e que preencha os seguintes requisitos: ser altamente seletivo, exterminando apenas as pragas; não tornar as espécies-problema geneticamente resistentes; apresentar rápida degradação e não deixar resíduos; ser economicamente viável.

Na última década, a população mundial tornou-se predominantemente urbana, mas o crescimento das cidades, em grande parte do mundo, não foi acompanhado pelo aumento na disponibilidade de infraestrutura – especialmente a destinada ao saneamento básico e ao gerenciamento de resíduos sólidos. Considerando os aspectos técnicos quanto à natureza e disposição desses resíduos, de acordo com a Norma Brasileira (NBR) 10004/2004 (BRASIL, 2004), podemos classificá-los em três classes.

A Classe I é formada por resíduos perigosos, como resíduos industriais contaminantes (químicos, solventes, graxas, corrosivos) e materiais hospitalares (patogênicos). A Classe II A é constituída por resíduos não-inertes, como lixo domiciliar e comercial, em que há grande quantidade de matéria orgânica, de papel e papelão e de plásticos, entre outros. A Classe II B representam resíduos inertes como entulho, tijolos, concreto e azulejos. Quando lançado inadequadamente, o lixo polui e contamina os ambientes, favorecendo a proliferação de vetores que trazem riscos para a saúde da população (BRAGA et. al., 2002).

Assim sendo, apresentaremos os principais destinos dos resíduos sólidos produzidos nas cidades – lixões e aterros sanitários. Estes são mais adequados para o gerenciamento de resíduos, pois para sua construção são realizados estudos de impacto ambiental, dentro do planejamento da obra, especificando a forma de utilização e até o período de vida útil do aterro. A deposição do lixo é feita em solo previamente preparado com a abertura de câmaras onde o lixo será depositado, sendo que estas são recobertas com mantas impermeáveis que evitam a contaminação do solo e das águas subterrâneas.

Os resíduos são dispostos em camadas no interior das câmaras, os quais são cobertos por uma camada de solo compactado. Nas câmaras, com baixa concentração de oxigênio, processa-se a biodegradação anaeróbica com a liberação de gás metano e de chorume, proveniente da decomposição da matéria orgânica (BRAGA et. al., 2002; BRANCO, 1997). O aterro sanitário é considerado ecologicamente adequado, pois há o controle das variáveis que podem trazer riscos ao meio ambiente. Os aterros, uma vez esgotada a vida útil, podem ser convertidos em áreas de recuperação vegetal, construindo-se parques e áreas verdes (BRAGA et. al., 2002).

Os aterros são vantajosos por reduzir os riscos de contaminação ambiental e como foi dito, por reaproveitar a área após o esgotamento. No entanto, apresenta desvantagens quanto a extensão de áreas utilizadas, além do impacto visual e demais aspectos relacionados a odores, tráfegos de caminhões e desconforto nas imediações do aterro. Em junho de 2012, ocorreu o fechamento do então maior aterro sanitário existente no Brasil, o de Gramacho (figura 1: Google Earth), no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Este aterro foi durante décadas um lixão que contaminava o solo, o lençol freático e a Baía de Guanabara, cujos urubus prejudicavam a movimentação do Aeroporto do Galeão.

Figura 1: Aterro de Gramacho em imagem de satélite.

Os lixões podem ser definidos como áreas de lançamento de lixo em que não há qualquer tipo de preparação do terreno ou controle dos danos ali criados. Acabar com a presença dos lixões nas cidades é um dos grandes desafios para a sociedade, pois envolve diversos problemas relacionados à poluição do solo, à saúde pública, à degradação urbana e à desigualdade social. O material depositado a céu aberto é atrativo para pessoas de baixa renda que buscam objetos, utensílios e até alimentos.
Os resíduos depositados nos lixões, via de regra, não sofreram qualquer tipo de seleção, contém elementos químicos e biológicos de toda natureza, e quando decompostos, formam o chorume que se infiltra no solo contaminando-o, podendo atingir os lençóis subterrâneos. O Brasil caminha para a solução dos problemas ocasionados pelo tratamento inadequado dos resíduos sólidos, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Rizzini, C. T. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, socioecológicos e florísticos. Rio de Janeiro, Âmbito Cultural Edições Ltda, 1997.

Braga, B.; Hespanhol, I.; Conejo, J.G.L.; Barros, M.T.L.; Spencer, M.V.; Porto, M.F.A.; Nucci, N.L.R.; Juliano, N.M.A.; Eiger, S. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo, Prentice Hall, 2002. 305p.

Miller JR, G. Tyler. Ciência ambiental. Tradução: All Tasks; revisão técnica Welington Braz Carvalho. São Paulo, Cengage learning, 2007.

Warren, H. Dicionário de ecologia e ciências ambientais. Tradução: Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo, Unesp: Companhia Melhoramentos, 2001.

Townsend, C. R.; Begon, M.; Harper, J. L. Fundamentos em ecologia. Tradução: Gilson Rudinei Pires Moreira [et al]. Porto Alegre, Artmed, 2006.

Branco, S. M. O meio ambiente em debate. São Paulo, Moderna, 1997.

Raven, P. H.; Evert, R. F.; Eichhorn, S. E. Biologia Vegetal. [Coordenação da tradução Jane Elizabeth Kraus]. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007.

Brasil. Resíduos sólidos – classificação. Norma Brasileira – ABNT NBR10004. Segunda edição 2004.

Organização das Nações Unidas. Elaboration of an international convention to combat desertification in countries experiencing serious drought and/or desertification, particularly in Africa. 1994. Disponível: http://www.unccd.int/Lists/SiteDocumentLibrary/conventionText/conv-eng.pdf. Acesso 12.10.12
 
DORLING KINDERSLEY; ISTOÉ – Enciclopédia Ilustrada da Terra. São Paulo: Três Comércio de Publicações, 2011.